NOTA DE ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO
NOTA DE ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO
Consultoria e Atendimento Profissional em Sexologia e Relacionamento
A Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH) vem a público se posicionar sobre o crescente número de profissionais que oferecem consultoria e atendimento profissional em Sexologia e Relacionamento.
Acreditamos que isso se deve ao aumento do número de cursos de pós-graduação e a necessidade de orientação em sexualidade, envolvendo aspectos como: prazer, intimidade, afeto e o significado dessas relações que estabelecemos com os outros. Além disso, quanto mais falamos em sexualidade, mais favorecemos que as pessoas tenham informações e conhecimento para falar e identificar possíveis queixas, inadequações e disfunções sexuais. É certo que a internet tem facilitado o acesso a quem busca informações e orientações nesses campos, tornando-se também uma poderosa ferramenta para atendimento clínico.
Em resposta, a Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH), entidade sem fins lucrativos, há mais de 30 anos atuando na área de sexualidade em caráter multidisciplinar e favorecendo a produção e comunicação científica, gostaria de esclarecer a população que:
1) A atuação em terapia sexual, sociossexualidade, educação sexual ou reabilitação do assoalho pélvico demanda formação acadêmica sólida, já que a sexualidade humana é formada por várias dimensões, não sendo possível avaliar uma queixa sexual e afetiva sem uma visão ampliada da pessoa. Esta formação começa com um curso de graduação e continua com cursos de pós-graduação lato ou strictu sensu, reconhecidos pelo Ministério da Educação – MEC (Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de Educação Superior/ Cadastro e-MEC);
2) Cada uma dessas áreas de atuação está habilitada para atendimentos específicos de acordo com sua formação acadêmica, não sendo ético, por exemplo, que um psicólogo especialista em terapia sexual faça avaliação médica, ou que venha a atender em fisioterapia, e vice-versa.
Como a sexualidade envolve, além de aspectos fisiológicos, também os psicológicos, socioculturais e ético-religiosos, lembramos que qualquer orientação nessa área por profissional malformado e que invada os limites de outra atuação profissional, é no mínimo irresponsável, o que pode provocar danos e agravar o quadro clínico da pessoa atendida.
3) Ser empático, interessado, bem-intencionado, curioso e ter boa comunicação, certamente são características excelentes para a formação de um profissional na área de sexualidade humana, mas não suficientes. Não basta ter experiência própria, pois o universo vivido por cada pessoa, ou casal, é particular. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra.
Reforçamos que há condições bastante específicas que envolvem o campo do desejo sexual e dos afetos, que não são simples de manejar. Um profissional não formado em terapia de casal, ou psicologia, que se autonomeia “especialista em relacionamento” está, portanto, oferecendo uma atividade sem amparo formativo. Além disso, o trabalho com a sexualidade e com os relacionamentos pode dar margem a condutas desrespeitosas, abusivas e eróticas fora de contexto, tanto por parte da pessoa atendida, quanto do profissional. É necessário ter formação adequada, maturidade e ética para desenvolvê-lo.
4) O trabalho com a temática da sexualidade necessita de aprimoramento constante. Novos artigos são publicados ao redor do mundo, várias linhas teóricas se apresentam e são necessários aprofundamentos em estudos, experiência e espírito crítico para dominar tais conhecimentos e adequá-los às vivências profissionais/pessoais.
5) Se você é profissional graduado e tem interesse em trabalhar na área de sexualidade humana, seja responsável e busque por cursos de pós-graduação ofertados exclusivamente por Instituições de Educação Superior (IES), devidamente credenciadas no MEC.
Por fim, alertamos a população para que antes de fazer uma consulta, informe-se sobre a formação acadêmica e o trabalho do profissional. Questione quais os objetivos do trabalho oferecido, pois a cada ano surgem terminologias mirabolantes, que se aproveitam do campo aberto de atividades de “aconselhamento” e se autodenominam “terapêuticas”.
Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2021.
Diretoria da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana
SBRASH – 2020/2022
Link para nota completa: